lunes, 15 de noviembre de 2010

Livro revela motivo do assassinato dos filhos de Goebbels há 65 anos

O fim da familia Goebbels foi o desfecho mais trágico da ditadura mais brutal do século XX. De acordo com o historiador Peter Longerich, autor de uma nova biografia de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, que será lançada na próxima semana na Alemanha pela editora Piper, o casal Goebbels resolveu assassinar os seus seis filhos, que tinham entre 12 e quatro anos de idade, antes de suicidar-se, porque sofria de uma forte dependência psiquica do ditador.

“Um mundo sem Hitler não é digno de vida" para os seus filhos, escreveu Magda Goebbels dois dias antes de assassiná-los. As crianças tinham sido até tema de um filme financiado pelo ministério da propaganda como o exemplo de crianças "tão puramente arianas". Apenas o filho do primeiro casamento de Magda, com o industrial Günther Quandt, Harald Quandt, sobreviveu ao fanatismo da mãe. Harald Quandt, da familia que hoje é proprietária da empresa automobilistica BMW, morreu em um desastre aéreo em 1967.

No dia primeiro de maio de 1945 Magda pediu ao médico Gustav Kunz que desse às crianças, que já estavam no bunker que abrigou os últimos dias do governo nazista, uma injeção de morfium. Em seguida, ela injetou na boca de cada uma (Helga, Hildegard, Helmut, Holdine, Hedwig e Heidrun) cianureto de potássio.

Segundo pessoas que conviveram com a familia Goebbels nos últimos dias, Helga, de 12 anos, estava profundamente desconfiada e teria suplicado à mãe para que poupasse a vida das crianças.


Mas enquanto Magda julgava que o mundo depois de Hitler não seria digno de vida para “crianças arianas”, Joseph Geobbels, que endeusava Hitler, a quem chamara, no seu diário, de “meio plebeu, meio deus”, queria que as crianças morressem também porque depois do suicidio de Hitler, um dia antes, a vida tinha perdido o sentido.

Fonte: Jornal O Globo, 15/11/10

Documentos mostram que EUA acobertaram fugitivos nazistas

A história secreta da operação caça-nazistas do governo dos Estados Unidos revela que os serviços de inteligência americanos criaram no país um verdadeiro porto seguro para oficiais do 3º Reich e seus aliados após a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o jornal "The New York Times", um relatório de 600 páginas, compilado em 2006 por funcionários do Departamento de Justiça americano, mostra que notórios integrantes do regime de Adolf Hitler tiveram vistos de entrada nos Estados Unidos mesmo quando seu passado era conhecido.

Os documentos sugerem, ainda, que os americanos acobertaram esses oficiais durante as buscas tardias de mais de uma dúzia de fugitivos nazistas - como Joseph Mengele, o chamado Anjo da Morte de Auschwitz, cuja amostra de cabelo ficou guardada durante anos numa gaveta do Departamento de Justiça.


Décadas de confrontos com outras nações sobre o destino de criminosos de guerra nos EUA e no exterior vieram à tona, causando embaraço em Washington.

Desde 1979, 300 oficiais barrados

Segundo a reportagem, o Departamento de Justiça tentou ocultar por quatro anos o material que detalha os erros e acertos de advogados, investigadores e historiadores do chamado Escritório de Investigações Especiais (OSI, na sigla em inglês), órgão criado em 1979 para deportar fugitivos nazistas.

Há relatos de divisões dentro do governo americano sobre os esforços e implicações legais em confiar no testemunho dos sobreviventes do Holocausto. Uma das revelações mais contundentes, diz o "Times", é que o envolvimento da CIA com esses homens teria acontecido por acreditar que eles podiam prover informações de inteligência relevantes no pós-guerra.

"Os EUA, que se orgulhavam se ser um porto seguro para os perseguidos, transformaram-se, em alguma medida, num porto seguro para os perseguidores também", diz um trecho.

Mais de 300 nazistas foram deportados, tiveram sua cidadania cassada ou foram impedidos de entrar nos EUA desde a criação da OSI. No entanto, a descrição da ajuda a outros é contundente. Um dos beneficiados foi Otto Von Bolschwing, aliado de Adolf Eichmann, que ajudou a criar o plano para "limpar a Alemanha de judeus".

Memorandos da CIA mostram que, em 1954, agentes americanos questionavam o que fazer caso ele fosse confrontado sobre seu passado: "negar ou explicar com base em atenuantes". O Departamento de Justiça tentou deportar Von Bolschwing apenas em 1981 - ano em que morreu.

Outro acobertado pela inteligência foi o cientista alemão Arthur L. Rudolph, levado aos EUA em 1945 por sua experiência à frente da fábrica de munições de Mittelwerk, na Operação Clip de Papel, programa que recrutava cientistas da Alemanha nazista. Os documentos mostram altos oficiais americanos, em 1949, exigindo que a imigração permitisse a volta de Rudolph aos EUA após uma visita ao México "devido aos interesses nacionais".

Fonte: Jornal O Globo, 15/11/2010